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Já pensou conversar em um aquário?


Estamos todos cansados de eventos e seminários onde somos público passivo e ficamos horas a fio sentados escutando especialistas e autoridades em falas, às vezes instigantes, noutras monótonas, certo? O tema pode até ser interessante, mas depois de um tempo ficamos agitados, inquietos e, ao final, muito cansados, física e mentalmente. Isso porque o nosso corpo não foi feito para ficar tanto tempo parado e nem para se concentrar por horas a fio em um mesmo assunto. Por isso, precisamos, urgentemente, renovar nossos jeitos de estar em grupo para aprender ou trabalhar...

Existem muitas possibilidades interessantes que podem ser usadas no lugar dos seminários, muito mais efetivas em promover interação, engajamento e aprendizagem. Hoje vamos falar de uma delas, uma metodologia participativa chamada Aquário (Fishbowl). Ela é ideal para criar ambientes de diálogo, escuta e troca de experiência entre pessoas. E vou te contar porquê.


Aquário com especialistas em planejamento urbano realizado em dezembro de 2017 para o IBICT (Autarquia do Ministério da Ciência e Tecnologia)

O nome Fishbowl vem do formato no qual as cadeiras são dispostas, simulando o design de um aquário com peixes dentro. São dois ou mais círculos concêntricos, o do meio tem 5 a 8 cadeiras e quem senta nele tem direito à fala; o externo abarca o de dentro e quem senta nele exerce a escuta ativa (já explico do que se trata). Um grupo de 5 a 7 pessoas é convidado a ocupar cadeiras do círculo central, deixando sempre uma cadeira vazia. Esse grupo tem a função de começar a conversa em torno de um tema ou pergunta pré-definidos. Se você está tentando inovar o formato de um seminário, a susgestão é que o círculo interno seja preenchido pelos especialistas, palestrantes motivacionais ou convidados de honra, que darão depoimentos sobre suas trajetórias e compartilharão suas expertises em falas breves, de 5 a 10 minutos. A escolha acertada dessas pessoas é fundamental para o sucesso do Aquário, pois são eles que vão dar insumos e o tom da conversa.

Os participantes do círculo de fora exercitam a escuta ativa, com uma qualidade de presença e atenção silenciosa, até todos os convidados do círculo central falem. No momento seguinte, aqueles que desejam contribuir com a discussão, deverão, um a um, levantar-se, sentar-se na cadeira vazia do círculo central e aguardar que o microfone cheque para iniciarem suas falas. No exato momento em que um novo orador chega ao meio do aquário, voluntariamente, um dos participantes que estava sentado na roda e já deu sua contribuição, se retira e ocupa um lugar no círculo externo, passando ao papel de observador da discussão.

O potencial de alternar entre o papel de expectador e orador é muito estimulante e observamos uma qualidade excepcional na conversa e na atenção dos presentes. Por isso o Aquário é amplamente usado no Brasil e no mundo em diversos contextos: reuniões de negócios, encontros de gestão pública, círculos de aprendizagem, rodas comunitárias etc. O método foi inspirado em práticas das escolas de medicina, onde especialistas operam seus pacientes em salas de cirurgias com paredes de vidro, e os estudantes ficam do lado de fora desse "aquário", de onde podem observar e aprender. Atribui-se a criação à Renate Fruchter, Diretora do PBL Lab da Universidade de Stanford.

A comunidade internacional Art of Hosting (A Arte de Anfitriar Conversas Significativas), da qual a Kairós faz parte, tem o aquário como uma das principais tecnologias de diálogo, campeã em promover a participação, a colaboração e a inteligência coletiva. Que tal experimentar? Siga as instruções desse texto e atente sobe os conselhos técnicos. Se precisar de ajuda, nos contate: kairos@artedaconversa.com.br

Detalhes técnicos:

1. Ao se trabalhar com grupos acima de 40 pessoas sugere-se a organização de vários círculos concêntricos de escuta. E para garantir que todos escutem, use um microfone.

4. É fundamental facilitar o trânsito dos círculos externos ao interno. Deixe corredores de passagem entre as cadeiras, para facilitar a vida de quem quer ir ao centro e dar sua contribuição.

6. Estabeleça previamente os tempos de cada etapa do Aquário. Por quanto tempo os oradores iniciais conversarão, antes que a fala seja aberta aos demais? Qual o tempo de duração total do aquário? Haverá um tempo de médio para as falas? Defina isso e informe aos participantes e os oradores no início da dinâmica.

7. Você pode trabalhar com mais de um tema ou pergunta no mesmo aquário. Fique atento ou deixe por conta do facilitador lançar as perguntas paulatinamente, conforme a conversa se aquece ou amorna. É preciso saber não deixar a temperatura cair demais...

8. Se você quer realizar um aquário, mas você é um dos que deseja colaborar com ideias e inspirar a conversa, é importante chamar um facilitador externo. Ele ajudará a conduzir o diálogo, cuidar dos tempos de cada etapa, lembrar a forma como funciona a metodologia e manter o grupo focado no tema da conversa. Não se sobrecarregue com muitas funções e descuide do bem estar do grupo!

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